terça-feira, 8 de junho de 2010

Sobre um desconhecido amigo de infância



Outro dia, encontrei um velho amigo.

Dos que eram amigos de verdade. De infância, mesmo.

Lembrei de muita coisa que a gente passou junto. Futebol de estrada, empinar pipa, jogar aqueles game-boys-tijolo que imperavam nas nossas saudosas tardes dos anos 90, ele tirando sarro dos meus CDs de Sandy e Júnior, bater figurinha e tazo, correr de bicicleta, subir em árvore, essas merdas da infância.

Já adolescente, algo nele que me deixava admirada era a coragem e autenticidade que tinha de ser sempre ele mesmo.

Não que isso fosse necessariamente uma coisa boa; afinal, pessoas do tipo dele (toscas) fazem geralmente de tudo para camuflar seu talento (de sempre parecerem patéticas).
Ele, não.
E era por isso que eu o admirava tanto.Depois, a gente sumiu um do outro.

E ver ele mais espichado, menos desengonçado e com menos espinhas que há algum tempo atrás me deu uma sensação bem estranha.

Até a voz dele já não é a mesma. (menos esganiçada.)

O jeito grave de quem deixou de ser criança.

Ainda patético, pero no mucho.

Ficou impressionado que eu não estava mais tostada de sol.
E que eu estou quase do mesmo tamanho de antes. (me tirando de anã, o filudaputa.)
Conversamos pouco. Entreolhamo-nos menos ainda.

Lembranças avulsas fadadas a sumir.
No fundo é só isso o que resta.

Meu amigo de infância e eu já não passamos de desconhecidos.