quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Sobre estar ficando velho.

Chega uma é poca da vida da gente em que percebemos que estamos num território vago... onde não somos mais nem adultos, nem crianças. A essa fase indefinida, impuseram o nome de adolescência.
Mas essa vaga definição também tem seus compartimentos. Os adolescentes nanicos (pré-adolescentes) sempre parecem loucos para deixar o "pré" para trás e se tornarem protagonistas de uma Malhação colegial.

E os "pós-adolescentes" (ou adultecentes) parecem desorientados por uma nova realidade:
a idade adulta está chegando.

Isso tarda, mas não falha! Você pode se tornar adulto aos 18, 21 ou 30 anos, e nem vai perceber, se ninguém te der um toque sobre você estar ficando velho.

Pensando nisso, resolvi fazer um top top com os sintomas da idade que avança sobre nós.

1) EMPREGO- Na idade adulta, o ócio e a morgação são vistos como pecados mortais. Se estão tentando te arranjar um emprego, é porque acham que você já passou da idade de arranjar um.

2) QUE MEIGO!!!- Você passa na rua e é atropelado por criancinhas desembestadas que brincam de correr e atropelar os outros. E acha bonitinho vê-las gritar, fazer birra e manha... coisa que, até alguns anos atrás, te deixariam um tanto emputecido. O que ocorre?
Bem... este sentimento de alteridade, em que a coexistência do oposto desperta nossa atenção, só demosntra que você já não é mais criança há taaaaaaaaaanto tempo que elas passaram a exercer fascínio sobre você. (senão, por que você não se admira de seu chefe ser "gente grande"?!)

3) SALGADINHOS- Você já não se entope mais de salgadinhos só para colecionar os tazos que vêm dentro do pacote.

4) CARINHA DE BEBÊ- Achar que os Jonas Brothers e a Hannah Montana têm carinha de bebê também é coisa de quem já passou da adolescência há alguns quilometros.

5) (para garotas) ACHAR O GEORGE CLOONEY BONITO- demonstra, além de mau-gosto, que você está ficando velha. (antes, seus suspiros eram para os Backstreet Boys!)

6) (para garotas, again) TROCAR A CAPRICHO PELA MARIE CLAIR .(a Playboy, para os garotos, deve ser eterna.)

7) TOMAR CAFÉ. -Café é bebida de gente grande! Se for beber café, lembre-se de que, como disse o tio do Clark Kent, "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades."

9) FALTA DE MEMÓRIA- Te atacou legal, se você não se lembrou de que quem disse isso não foi o tio do Clark Kent, e sim o do Peter Parker!

10) DISTRAÇÃO- Você está tão disperso que nem notou que eu pulei o item 8 desta lista.

11) ASSISTIR AO PROGRAMA SILVIO SANTOS.- Não sei se o programa do 'sêo Sílvio" já foi bom, um dia. Mas hoje, é assaz chato. Assistir a aquela joça só pode ser nostalgia da mocidade! (lembrem-se de que, há 40 anos, ele já era velho!)

Tenho dito.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sobre meu pai, mudanças e uma casa muito engraçada.

O dia mais feliz de que me lembro foi o dia em que ganhei um colchão novo.
Isso porque, até então, eu estava dormindo num colchão que tinha mais de 25 anos... era do tempo em que a minha avó ainda era viva.

Aliás... TUDO que tem na casa do papai é daquele tempo.A mobilia mais parece remontar à época de D. Pedro II. Isso sem falar de revistas, jornais, livros... todos bem mais velhos que eu.


Claro que tanta velharia amontoada numa só casa acumula muita poeira e mofo.

Mas depois da terceira semana, você se acostuma até com os cocôs dos morcegos, que figuram salpicados pelo corredor. (não adianta limpar; eles fazem tudo de novo.)

Meu primeiro dia aqui foi punk!
Havia sido despachada de Brasília para poder fazer inscrição na Belas Artes. Após alguns percalços burocráticos, lá estava eu, matriculada inesperadamente, às vésperas do início das aulas, sem fazer a menor idéia de onde iria morar. (a casa da minha mãe era longe.)

Bom... a casa do meu pai, também... mas foi a melhor opção que nos ocorreu.(Na verdade, a única.)

Depois da façanha de entulhar as tranqueiras dos meus dois quartos dentro de um fusquinha, mamãe tocou o pé pra cá. Descarregou minhas traquitandas e alguns mantimentos.
Manobrou, e foi-se embora.

Fiquei ali, meio perdida, ainda segurando a última mala, vendo o carro da mamãe ir embora.
E teria continuado ali por inércia, se meu pai não tivesse me chamado para ver meu novo quarto.

Aliás, o melhor dos seis quartos da casa!

Infelizmente, o melhor quarto da casa não era o melhor quarto do mundo.

Havia um guarda-roupas mofado, cheio de roupas velhas e mofadas dentro. E uma cômoda velha e mofada, cheia de papéis velhos e mofados dentro. E também um espelho velho e grande pendurado na parede. Na velha cama, se estendia um colchão velho, rasgado, mofado e fedidinho.(isso explica a minha alegria ao receber um colchão novo.)

E iniciou-se uma verdadeira guerra ao mofo, ao pó e ao mau cheiro que ali reinavam, e eu temia ter como companheiros de quarto.

Ápós uma ligeira varrida, tirei do chão três pás de poeira sólida. E a toalha branquinha que eu havia levado para limpar o guarda-roupas ficou irremediavelmente negra e encardida, sendo fadada a terminar seu dias como pano de chão.

À noite, o cheiro do colchão me incomodava e me fazia querer voltar pra casa da mamãe. (pensando melhor... nããão...)

No dia seguinte, não pude deixar de notar alguns probleminhas técnicos da casa. A torneira da cozinha vertia um filete tão mixo que eu demorava meia hora só para lavar a louça do almoço.

Aliás, falando em louça... era preciso levar toda a louça para a mesa toda vez que chovia, porque tinha uma goteira que caía no canto da pia onde ela costumava ficar.
O problema não era a água pingar. Era o cocô dos ratos, que forrava o forro da cozinha, e por onde a água obrigatoriamente passava antes de verter em pingo.

O banho era um capítulo à parte. Havia um incômodo filete de água fria que caía do chuveiro e batia no cangote quando eu tomava banho. Com o tempo, descobri que o melhor jeito de minimizar o incômodo causado pelo filete gelado era chuveirar-me de costas para a porta, que, aliás, não fecha sem a ajuda de uma CADEIRA. (!)

Mas... como eu já disse, a gente se acostuma.

Até com o silêncio do meu pai, que prefere ficar de boca fechada do que falar merda, e prefere dar as costas e fugir pra não ouvir as minhas merdas do dia-a-dia que tenho para contar.

Guardar tudo comigo é uma coisa que ainda estou aprendendo. Talvez, também por isso, criei este blog. Não interessa se ninguém vai ler essa bagaça... o que eu preciso é falar... ou escrever.
Tenho saudade da minha mãe, dos meus amigos, do meu cachorro...

Mas tenho consciência de que é uma nova fase, que tenho que encarar se quiser alcançar meus sonhos.

Pouco importa que alcançar o que se quer e ser feliz sejam coisas tão distintas entre si.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sobre técnicas de repelência contra malas

Convenhamos que ser naturalmente anti-social tenha suas vantagens; se as pessoas interessantes não chegam de cara lhe dirigindo a palavra, as desinteressantes também não chegam. (ou, não deveriam chegar.)

Mas quando isso acontece, Deus nos acuda! Não há como se desvencilhar dos malas! E eles parecem estar espalhados pelo globo! Principalmente nos ônibus. São seres de 16 a 61 anos.(eu sei, a margem de erro é grande!) , geralmente roliços e com a voz estranha.
Todos se parecem muito (serão, na verdade, o mesmo, e eu não percebi?!) , e os poires são aqueles que acham que não há donzela do universo que escape à aura de seu sex appeal.

Algumas garotas são poupadas destes espécimes persistentes.(acho que elas não devem pegar o ônibus Terminal Parelheiros), outras se valem de velhas táticas de provocar desinteresse instantâneo. (fazer "resgate", cutucar o nariz, espremer espinha..)

E, como as revistas que as meninas lêem só ensinam como fisgar gatos (e não espantar sapos), achei que estaria sendo útil ao mundo se desse a elas um CURSO DE REPELÊNCIA CONTRA MALAS baseado na técnica que eu denomino "grofrsgrofs". (que não passa de uma risada tão sem-noção que faz qualquer pessoa do globo querer ficar longe de você e fazer de conta que não te conhece.)

AULA DE GROFSRSGROFS

Muito bem, minhas pupilas! Primeiramente, vocês ptrecisam convencer a si mesmas de que se livrar de um mala é difícil, mas não impossível. E que todas vocês têm esse talento escondido dentro de vocês, apenas esperando para desabrochar.

Agora que estão psicologicamente preparadas, peguem um espelho e comecemos a treinar grofsrsgrofs em nível básico.

Exercícios:
1) Sabe aquela risada internética "rsrsrsrs"?! Então... pronuncie o ruído.
Repita o exercício 10 vezes.

2) Suínos estão em voga. Sabe aquele barulho que os porcos fazem...(não o grito, porque "se grito funcionasse, porco não morria.") Aquele "grofs-grofs-grofs"... Então...pronuncie o ruído, só que para dentro.
Repita o procedimento 35 vezes.

3) Aê, garota!!!
Já tá craque na parte fonética! Agora, exercitemos a expressão facial!
Mostre as gengivas, franza a musculatura que fica acima do nariz e arregale esses belos olhinhos.

4)Sem desfazer aesta expressão, pronuncie os ruídos "rs" para fora e "grofs" para dentro. Repita o procedimento até adquirir naturalidade.

5) Olhe no espelho. Como ficou?! Feia?! Ótimo!
Medonha?!
Melhor ainda!
Mas se você é daquelas garotas tão perfeitas que nem a cara de porco-do-mato, nem este barulho gutural conseguem desfazer sua graciosidade, repita o exercício 4 por 487 vezes, e encare isso como a prática do WABISSABI.(filosofia japonesa que versa sobre o charme da imperfeição.)

Ou, ature os malas, ora!


GROFSRSGROFS:USE COM MODERAÇÃO.

Essa técnica pode ser aplicada para espantar desde o chato do ônibus até o ex-peguete, que virou ex justamente porque era um pé-no-saco.

Mas o uso desta técnica inclui algumas regras:

1) Não faça grofsrsgrofs numa roda de chegados, sob pena de tê-los afastados.

2) Não faça grofsrsgrofs perto do seu paquera, sob pena de ser riscada da lista de contatos.

3) Não pratique muito grofsgrofs, porque isso vicia e, antes que você perceba, pode estar rindo desse jeito por aí, e não vai ser nada engraçado. (pensando bem... vai, sim!)^^

E é isso aí. grofsrsgro...(ops! Falei que esse negócio vicia!)

Sobre dores de pé e de bunda



Alguns sentimentos são universais. O amor, o ódio, a alegria, a frustração, o etecétera... e a dor de bunda.

Há também a dor de pé, (o pé que chuta a bunda.) mas dói bem menos que a pobre chutada em questão.

Pior ainda se o chutado for trocado por outro(a). Aí, a dor de bunda é tanta que não dá nem pra sentar!

Dá vontade é de correr! Correr pra casa, se entupir de chocolate , enfiar a cara no travesseiro e assistir um filme do Adam Sandler.

E o que é ainda pior: se perguntando:"onde foi que eu errei?". (se parasse realmente para pensar, a lista de erros poderia até ser enooorme. Mas a pergunta é, invariavelmente, a mesma.)
Isso sem falar nas comparações, que só ajudam a deixar a gente pra baixo.
Tipo... se uma garota for trocada pela Gisele Bundchen, vai se sentir um lixo, por não conseguir ser tão bela quanto a top gaúcha. E, se for trocada pela Hebe Camargo, vai se sentir mais lixo ainda, por pensar que pode ter os peitos tão caídos quanto os da apresentadora de 99 anos. (ou mais)

Muitos métodos são postos em prática para tirar o chutado da fossa, como conversar com os amigos sair pra beber, passear e chorar no colo da mãe.

No meu caso, meus amigos moram longe, minha mãe, também, eu não bebo e os passeios pelo bosque só me deixavam mais deprê.

E teria continuado na inércia da deprê se não tivesse sido salva pela CIÊNCIA. (!)

Se você está inconsolável pela dor de bunda, pense que toda sua desgraça se deve unicamente ao complexo principal de histocompatibilidade. (para os chegados, CPH.)

E esse CPH se encontra em você mesmo; nos seus genes! Pessoas com cphs diferentes tendem a se atrair mutuamente.

Como essas pessoas com CPHs dierentes se encontram?! Pelo cheiro! Tem algo a ver com os feromônios... (mas garotas que tomam anticoncepcionais, estranhamente, se sentem atraídas por caras de CPHs semelhantes.)

Pense que tudo não passa de uma engenhoca da natureza, e a paixão tem duração de um ano e meio (às vezes, mais, às vezes menos), e serve para unir as pessoas que têm CPHs diferentes por tempo suficiente até que eles tenham um filhinho.(ou filhote.) Depois, vêm o amor duradouro, a confiança mútua, a compreensão... ou não.(pode vir um divórcio.)

Voltando à dor de bunda... se você padece deste mal, pense que:

1) Daqui a um ano e meio, você não vai mais estar gostando de quem te chutou.

2) Teoricamente, daqui um ano e meio, quem te chutou não vai mais estar gostando da pessoa por quem você foi trocado.

3) Existem milhões de pessoas com CPHs diferentes do seu espalhados pelo mundo, mas elas nunca vão te farejar se você ficar aí, sentada, se entupindo de pizza e chocolate enquanto assiste a um filme do Ben Stiller.(o do Adam Sandler já acabou, e você ainda está aí!)
A não ser que você esteja de olho no carinha que entrega a pizza.

Se for o caso, então, você não está tão mal quanto eu pensava.
Danaaaaada!

Sobre fé, peregrinação e cadernos.

A fé é um requesito indispensável na compra de artigos escolares para a facul, bem como a paciência, a desenvoltura, a persistência e a disposição para andar muuuito. E grana, é claro!

Bem... fora a fé e a desenvoltura (para pechinchar), eu não tenho nenhum dos outros requesitos, e é por isso que acho compra de material um saco!

Hoje, por exemplo, rodopiei por todas as papelarias da Vila Mariana, à procura de um mísero caderno. Após a oitava tentativa, encontrei o benedito.

Mas não pude deixar de perguntar a mim mesma por que os professores fazem questão de pedir os materiais que sejam:

a) os mais caros (olha o guache ae... cinco por trinta pau..)

b) os mais difíceis de pronunciar (tentar dizer Kentmere ou Ilford ultrapassa os limites usados para a lingua portuguesa)

c) os mais difíceis de lembrar (tente memorizar "kentmere" ou "ilford". Ganha um doce quem puder!)

d) os mais difíceis de encontrar (caderno de desenho; brochura e capa dura. Parece simples, mas tive que peregrinar a tarde toda pra achar isto!)

e) Todas as anteriores

Sobre um poema ridículo do colegial

Vinícuis de Moraes morreria de inveja deste soneto!

"Numa foto do orkut o vi
Por seu perfil me interessei
Conversando no msn
Com um clic me apaixonei.

E durou uma semana
Meu tempo de felicidade
Quando, enfim, eu percebi
Que ele não era de verdade!

Nem me lembre do momento
Do meu susto, que horror!
Eu soube por uma amiga:
A foto era de um ator!

E as coisas tão bonitas
Que ele a mim dizia
Não passavam de uma cópia
De barata poesia.

Com um enter começamos,
Mas agora, sei que errei.
Com delete e ressentimentos
Da memória o apaguei.

....................................

Aplausos!

Sobre a criação dos personagens de Daydream


Saudades do tempo em que eu me reunia na hora do recreio com a galerinha do mal para escrever o roteiro de histórias em quadrinhos.

Note-se que apesar de estar na faculdade, insisto em dizer "recreio", e não "intervalo". Quando passam para o colegial, as pessoas parecem ter certa aversão por termos presentes na fala do ensino fundamental. Mas nós não ligávamos (muito )para essas coisas infantis! Queríamos apenas passar nossos recreios felizes, imaginando aventuras sobrenaturais e nos transportando para outras realidades... (e daí, se isso também é infantil?!)

Era só dizer que tinha uma história em mente, e alguns se voluntariavam a participar como personagens. E iniciava-se a etapa de criação de bonequinhos toscos. (eu desenhava muuuuuuuuuuuuuuuuuuuito maaaaaaaaaal!!!!)

Pitacos depois, (quero meu cabelo loiro, meu olho verde, ser alto, forte, bonito, todas as gatas vão gamar em mim...) o personagem ganhava corpo.

Outros pitacos mais (serei frio, distante, enigmático, e todas as gatas vão gamar em mim) e o personagem ganhava uma personalidade.

Após os pitacos finais (quero poder voar, abrir fendas na terra, controlar o fogo, a água e o gelo -que, afinal, não passa de água dura-, poder curar as pessoas e fazer todas as gatas se gamarem em mim.), o personagenzinho, enfim, tinha forma (meio defeituosa, pela escassez de conhecimentos em anatomia), personalidade (de sobra!) e poderes.(Mais de sobra ainda!)

E, após catalogar seis ou sete (no começo eram bem mais) seres nesses moldes, tínhamos um núcleo de telenovela.

Isso sem falar que eu "roubava" a personalidade de pessoas sem que elas soubessem para colocá-las nas minhas criaturinhas. (depois, elas acabaram percebendo.)

Com tanta variedade naquele mangá, o resultado de tanta gente dando pitaco numa coisa só poderia dar numa salada! Às vezes, eu ignorava todos os palpites, e tomava as rédeas da coisa:" Fodam-se! Agora vai ser do MEU jeito!". Aí, é que as coisas ficavam ainda mais confusas.

Hoje, leio Daydream e não entendo nada. A história parece vagar sem rumo, demora para saber quem é o personagem principal (obviamente, eu), que se revela meio emo e depressiva (reflexos da fúria adolescente) e os personagens tinham queixos grandes demais, os braços pareciam salsichas dobradas, as roupas não tinham caimento e , não raro, estavam zaroios.

Mas guardo cada página como se fosse um filho, fruto de uma das épocas mais marcantes e intensas da minha vida.(não imaginem como poderia ficar trancada no quarto desenhando mais de duzentas páginas ser uma coisa intensa. Vocês não iriam me entender.)

Verena, Felipe, Leandro, Narlir, Mie... valeu pela força.