segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sobre o besteirol televisivo e a geração noventa.




Muito se reclama da péssima influência da telinha para a educação dos pirralhos de hoje em dia.

Como criança da década de noventa, tenho autoridade para afirmar que, no meu tempo, as coisas já foram piores. E é isso o que tentarei lhes provar hoje.

Hoje falam em poupar as crianças de cenas de violência na tevê. (Exceto quando uma bofetada é dada de supetão na novela das oito.)

No meu tempo, era o império das lutas livres!
Eu, garotinha de oito anos, ficava no começo da noite ao lado do meu pai, devorando um saco de pipocas enquanto assistia um lutador socar o fígado do outro até o outro pedir penico. (adicione-se a isso os olhos inchados, narizes quebrados, maxilares a la Popeye...) Era diversão garantida!

A desavergonhança é outro item do qual as crianças devem ser poupadas, a fim de que se preserve sua castidade. Assim, é recomendável, ao invés do nosso ruim e velho É o Tchan, que se ouça Adriana Calcanhoto como uma versão morena (e Cult) da Xuxa arremedando músicas do Claudinho e Buchecha.

No meu tempo, ouviam-se Claudinho e Buchecha e Xuxa originais -- o que não é necessariamente uma coisa boa.
Retomando o tema da desavergonhança; na década de noventa, a tevê era povoadas de assentos em close up tremelicando freneticamente --para o desespero da vovozinha horrorizada que via as netas tentarem, com afinco, imitar a dita bunda com mal de Parkinson (ainda bem que a “surra de bunda”não foi inventada naquela época).

Dançávamos um axé bem menos ortodoxo que o Rebolation.
Víamos pancadaria nos programas de auditório.
Brincávamos de tiroteio e de luta livre.
Cantávamos Mamonas Assassinas --sem saber o que “raios” é uma “suruba” (não raro, sendo severamente repreendidos ao cantar “sabão crá-crá.”)
Falávamos frases repetidas em tom idiotizado, tentando imitar os insuportáveis Teletubbies.
Éramos umas pestes!

Hoje em dia, a tevê é chata.Tanto que nem sei mais o que se passa nela.
Só queria dizer que, mesmo tendo recebido essa carga de informação... digamos... pouco culturada, nós, geração noventa, somos a prova de que a televisão não exerce má influência na formação do caráter das crianças porcaríssima nenhuma.
Afinal, somos uma geração que se preocupa com o país e com o futuro.
Somos inteligentes, pacifistas, engajados, questionadores, conscientes...

Não?!...